Sem Pagar Passagem: Poesia Reunida
O Livro Sem Pagar Passagem: Poesia Reunida , trata de, Reinoldo Atem avancou no entendimento da poiesis recuando ao principio de todas as abstracoes: o Alumbramento, A estranheza de sentido, A nomeacao das coisas. Porque, nos parece, poetica e um genio, um feitico, uma capacidade de intuir os similes, de estranhar as conexoes, marcar algumas diferencas, algemando sentimentos e duvida fundas. Fazemos a perquiricao a respeito do sentido do que e, da conformacao desse sentido, do que nos envolve, e entao tudo se atropela, anunciando-se em versos ou em sentencas novos significados para repor o mundo sob nossa perplexidade. Pode ate que isso diga alguma coisa do poeta Reinoldo, mas nada seria tao incaracteristico, numa generalidade que alcanca a maioria dos poetas. Todavia, como disse Severino, o personagem poetico de J. C. de Mello Neto, desfiliado pelos criticos rigorosos em sua catedra, isso diz pouco da poesia que “em vossa presenca emigra”. Dentro da multiplicidade, nos muitos eus do poeta Reinoldo, destaca-se o indagar-se das coisas, como desde os primeiros vates; e logo acrescenta seus dizer das coisas e sentimentos, como se alcancasse um interlocutor capaz de apreender sua expectativa. T. S. Elliot falou em tres vozes da poesia: A 1° voz e a do poeta falando para si mesmo; a 2° voz e a do poeta dirigindo-se a um auditorio; e a 3° voz e a do poeta quando diz nao o que diria falando por si mesmo, mas apenas o que pode dizer dentro dos limites do personagem imaginado. O poeta aceitaria esse enquadramento? Socorramo-nos entao de voos: a armacao do pulo infantil; na pre-articulacao da fala onde estava o seu sentido. Eis que no antecipio de toda prosa estava a poesia, e a voz e uma ressonancia perdida de misterio. No fragmento do seu tratado poetico, mais especificamente no “Livro das Ignoracas”, o poeta Manoel de Barros diz que “Poesia e quando a tarde esta competente para dalias”. “e quando ao lado de um pardal o dia dorme antes”. Sestra: “Poesia e voar fora da asa”. E arremata: “No descomeco era o verbo. So depois e que veio o delirio do verbo”. Quem viver vera! Melhor, quem ler podera conformar a sua sensibilidade e formar a sua ideia; quem sabe, sem juizo.Walmor Marcellino
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