Mulheres Levantadoras De Peso – Uma Etnografia Da Forca
O livro Mulheres Levantadoras De Peso – Uma Etnografia Da Forca , trata de ; Este livro é fruto de um esforço conjunto: por um lado, do autor, o escritor, sociólogo e psicanalista Leonardo Araújo, que se dedicou intensamente, ao longo de três anos, a uma profunda, mesmo fascinante, etnografia no mundo das mulheres praticantes de modalidades esportivas ainda hoje de predominância masculina; e, por outro, das três figuras investigadas, Larissa Araújo, Beatriz Mesquita e Jeska Barros, atletas que, como se lerá, além de abrir suas íntimas angústias à visão generosa de Araújo, também derramam nestas páginas muito suor, e sem dúvida algumas lágrimas. É que o trabalho delas não é a construção apenas de um corpo musculoso para competições específicas, mas de algo diferente e novo — fazem dobrar os parâmetros do gênero até que estes tenham ganhado uma configuração outra; põem uma estrita disciplina, conquistada à custa de cruéis sacrifícios, a favor da infixidez e da impermanência; afirmam-se num meio hostil para reafirmá-lo em seguida com uma nova sintaxe e, portanto, com uma nova gramática. Para pensar o que elas querem de fato dizer, Araújo acerca-se de um referencial acumulado durante décadas de estudo e reflexão em várias áreas do saber e das artes. Além de, por exemplo, ler Jacques Lacan e Judith Butler, investiga tratamentos químicos e suas fórmulas, mergulhando num universo atravessado também pela preeminência da biologia. Observa ainda as performances do artista visual Cassils, que suscita aprofundamentos importantes no capítulo final. Enfim, esta obra tem uma última qualidade, só raríssimamente encontrada em trabalhos desta natureza. Não é preciso ser interessado nem em estudos de gênero ou corpo, nem mesmo em fisiculturismo ou Crossfit para tê-lo na estante. Narrado como romance, cheio de personagens curiosos e situações só conhecidas por iniciados, o título tem a capacidade de dar insuspeitado prazer a quem estiver apenas procurando uma narrativa instigante, como se fosse boa ficção. Mas o empenho dessas mulheres é real. Alan Norões ***Mulheres levantadoras de peso: uma etnografia da força busca mostrar como a tarefa contínua de levantar pesos pode representar não apenas a fabricação de um corpo musculoso, mas também a construção, para si, de um “lugar no mundo”. Peso é, portanto, limite, matéria que torna possível a tarefa produtiva de reinvenção da vida, a partir da criação de um corpo-potência que estabeleça novas relações com seu entorno. Para tanto, o autor se lançou na experiência de acompanhar três mulheres levantadoras de peso, que, com sua prática, confeccionam outra corporalidade. Nesse sentido, a questão que orienta o trabalho é a seguinte: como a prática corporal de mulheres levantadoras de peso impacta o arquivo e o repertório ligados a uma certa imagem do corpo feminino como frágil, delicado e, portanto, incapaz de exercer violência? O livro parte, portanto, do pressuposto de que a potência somática das atletas, bem como sua imagem, exercem uma força disruptiva contra certa ideia do feminino, questionando relações de poder fundamentadas na diferença sexual, isto é, em um binarismo de gênero produzido e sustentado pelo discurso heteronormativo. ***
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