Anastacia E A Mascara
O Livro Anastacia E A Mascara , trata de, Cento e cinquenta anos separam Henrique Marques Samyn de Luiz Gama, fundador da tradição literária negra brasileira na qual se inscreve com orgulho o autor desta obra. Ainda crianças, ambos descobriram a “sina que há na pele”, tatuando nos corpos pretos marcas de escravidão, racismo, seculares violências e dor. Contudo, a palavra se fez alquimia e inapagáveis se tornaram vozes como Cruz e Sousa ecoando em poetas das novas gerações. A fatura poética de Samyn banha-se em águas de um passado sempre presente. Quatro anos depois de seu celebrado Levante, oferta-nos com Anastácia e a máscara poemas de fina ourivesaria, como a praticada no século da santa mineira e da mí(s)tica africana Rosa Egipcíaca. Duas partes do livro evocam em tom quase religioso a vivência rebelde dessas mulheres assaltadas pela sanha dos homens, perseguições, delírios da fé, mas espalhando milagres, liberdade, esperança. Pungentes versos em “Do amor” no Oratório de Rosa Egípcíaca e nos tributos a heróis e heroínas silenciosas ou silenciadas de hoje. O estudioso do trovadorismo, ele próprio moderno trovador, compõe magistrais sonetos, forma rara entre poetas negro/as contemporâneo/as, seja de molde inglês em Sete variações ou italiano no Livro (negro) de sonetos. Samyn escreve “a partir da História”, fundindo tempos e memórias afrodiaspóricas. Sua poesia traz uma “lucidez nova”, como diria Glissant, para o qual “se quisermos compartilhar a beleza do mundo [e] ser solidários com seus sofrimentos, devemos aprender a lembrar juntos”. É o convite irrecusável que nos faz o autor destes singularíssimos poemas. – Ligia Fonseca Ferreira – Professora Associada da UNIFESP
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