Assim Somos
O Livro Assim Somos , trata de, O livro de contos “Assim somos”, de Tomás Eon Barreiros, revela mais do que um contista. Em alguns contos, sobretudo em “Em nome do filho”, encontramos não um instantâneo ou fragmento de vida, principal caraterística da short story moderna, e sim uma fatia significativa da vida, com vários personagens e até histórias secundárias embrionárias. Aliás, essa vocação para a novela encontramos também nas narrativas mais curtas. Em “Tradicional família baiana”, deparamo-nos, de maneira concentrada, é claro, com toda uma história de vida que ocupa quase os 80 anos do velho protagonista. O conto moderno, em que pesem todas as tentativas de defini-lo, compreende tanto o flash iluminador quanto a condensação temática. Tomás segue por essa segunda vereda, que aliás é a de Guimarães Rosa em seus últimos livros, em que também soube ocultar grandes romances em pequenas “estórias”. Outra qualidade da coletânea: a linguagem. Não há aí nem o neobarroquismo roseano, nem a secura brutalista de boa parte da prosa contemporânea. Tomás é moderno, sem ser modernoso. A experiência com o jornalismo, se lhe empresta à prosa certa agilidade, não a contamina com os seus cacoetes. Otto Leopoldo Wink ***“…ao amor primeiro, logo sucedeu o medo. Um amor de mãe abafado pelo medo, não aquele medo habitual do futuro que ainda não existe e que não se sabe se feio ou bonito, abortado ou precoce ou turvo ou brilhante ou chocho, mas o medo do menino mesmo em si. Aquele menino que não podia ser só um menino como todos os outros, meu Deus? Podia ter trazido as dores muitas das mães, mas as dores normais, comuns, resfriado, gripe, constipação, caxumba, pé furado no prego, braço quebrado, dente perdido, amarelão, lombriga, chato, bicho-de-pé, berne, sanguessuga, carrapato para tirar com cabeça de fósforo em brasa, nota baixa na escola, estripulias, as preocupações constantes com o segredo do não saber o que será. Mas não… Veio com o dom, o dom que é maldito, porque não é o de sempre, o esperado, o padrão. Por que, meu Deus?” Do conto “Em nome do filho” “O autor dos belos poemas de Tanto ou tão pouco é também um prosador que constrói narrativas sensíveis e plurais, capazes de galvanizar rapidamente a atenção do leitor. Tomás Eon Barreiros nos proporciona uma obra com voltagem literária, desfechos surpreendentes e, sobretudo, úmida de compaixão pela nossa (imprevisível) jornada humana.” João Anzanello Carrascoza_______________
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