Democracia Para Quem? Ensaios De Resistencia
O Livro Democracia Para Quem? Ensaios De Resistencia , trata de, Democracia para quem? reúne as palestras proferidas de 15 a 19 de outubro de 2019, por três intelectuais do movimento feminista – Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici –no âmbito do seminário internacional “Democracia em Colapso?”, promovido pelo Sesc São Paulo e pela Boitempo. No livro, é possível tomar contato com reflexões feitas pelas três autoras – referências globais em suas áreas de estudo e de atuação – sobre temas como capitalismo, racismo, desigualdade social, ecologia, entre outros.No que se refere, por exemplo, ao papel da mulher na sociedade, Angela Davis afirma que não pode haver democracia sem a luta histórica das mulheres negras: “Quando as mulheres negras se moveram em direção à liberdade, elas nunca representaram apenas elas mesmas”. Para Davis, a figura da mulher negra representa todas as comunidades que sofreram exploração econômica, opressão de gênero e violência racial.Em sua apresentação, Collins reflete sobre o conceito de liberdade e diz que não faz diferença pensar em liberdade para pessoas negras sem pensar no que isso significa tanto para homens negros quanto para mulheres negras: “Seria maravilhoso se pudéssemos deixar para trás as partes feias do passado. Mas, se olharmos à nossa volta, podemos ver as mesmas relações atualmente e percebemos que esse é um discurso que está mais vivo que nunca e que tem uma longa história”.Já a italiana Silvia Federici observa a resistência das mulheres em todo o mundo para reconstruir e defender os bens comuns: “Estão defendendo seus bens quando defendem a floresta ou a terra ou as águas de uma empresa de mineração ou de petróleo. Estão dizendo que a Terra pertence a todos e todas”.Eram os últimos meses pré-pandemia. No início do ano seguinte, o terror sanitário, negacionista e golpista de Jair Bolsonaro e de seus aliados submeteu a democracia brasileira ao mais profundo estresse desde a redemocratização, em 1985. O evento paulistano ganhou um novo e pesado sentido quando o colapso das instituições brasileiras esteve na ordem do dia. A obra conta ainda com intervenções de Adriana Ferreira, Bianca Santana, Eliane Dias, Raquel Barreto e Winnie Bueno. O prefácio é de Marcela Soares e o texto de orelha de Juliana Borges.Trechos“Frequentemente pensamos sobre a violência contra a mulher apenas como algo que se desdobra entre indivíduos, dentro de relacionamentos e entre pessoas desconhecidas. Mas ela é parte das estruturas sociais, políticas e econômicas. A melhor maneira de começar a confrontar essa violência é continuar a construir movimentos, torná-los mais fortes e reconhecer que não se trata de ataques a mulheres individualmente”. – Angela DavisMas dentro do feminismo negro, em sua tradição de resistência intelectual e política, tem havido uma questão constante: o que é necessário para que as pessoas negras sejam livres? Ninguém está livre até que as mulheres negras sejam livres. Não podemos ter mulheres e homens negros livres e ainda ter pessoas LGBT subordinadas. Isso não pode existir. Será que somente as pessoas negras de classe média podem ser livres? E quanto às pessoas negras pobres? Então, entramos nesse discurso em particular ao longo do tempo. Não é uma epifania de ideias, mas um trabalho diário e contínuo”. – Patricia Hill Collins“A primeira reflexão é sobre a democracia em colapso. A pergunta é: se olharmos a história dos últimos quinhentos anos, podemos realmente dizer que houve um tempo na história em que o capitalismo foi de fato democrático? Se a democracia significa autodeterminação, se a democracia significa ‘governo do povo para o povo’, como dizem nos Estados Unidos, e se a democracia significa que todos têm acesso igual aos frutos da Terra, infelizmente sou levada a concluir que nunca houve nada semelhante na história do capitalismo moderno”. – Silvia Federici
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