E Madureira Quase Chorou
O Livro E Madureira Quase Chorou , trata de, Eis um livro que foge da lágrima fácil. Isso é um grande mérito. Não foram poucos os romances que, pretendendo narrar fatos do Holocausto, sucumbiram à adjetivação profusa e à emoção desmedida, o que se explica pela natureza dos fatos. Ocorre que, assim fazendo, o texto resulta prejudicado porque a sobriedade é uma virtude na hora de contar uma história -, por chocantes que sejam os fatos. A carioca Betty Steinberg, residente nos Estados Unidos há 40 anos, quis trazer ao público um drama familiar que a marcou de várias formas. Numa prosa ritmada e pulsante, ela se pergunta de várias formas se uma parte do coração paterno não teria ficado nas florestas de bétulas de Sydlowiec, na Polônia? Será que um amor de juventude frustrado pela Guerra o levou a guardar uma mágoa do melhor amigo, que casou com sua antiga namorada? E a esposa dele, a mãe da narradora, como acompanhou, até o fim da vida, esse drama permeado por encontros dos dois casais no Rio de Janeiro e em Paris? E Madureira quase chorou traz os sabores de Varsóvia antes da Guerra, matizado pela irreverência e picardia do iídiche. Traz ecos vívidos do Rio de Janeiro nos anos 1940-50 e de um judaísmo impregnado pelo ideal socialista dos velhos militantes do Bund. Eis um livro lavrado com fina sensibilidade e fino apuro. * ” E Madureira quase chorou”. Por que “quase”, já que a dor, temperada pelos trópicos, foi ardente? Seria o pranto represado? As sublimações do amor e da esperança? O nó na garganta? Não terá sido em vão. Madureira, com certeza, há de ter chorado, em sua transcendência, diluindo, em lágrimas promissoras, esse “quase”, abismo que oprime o sonho de concórdia de todos os povos. Arnaldo Bloch, jornalista e escritor, autor de “Os irmãos Karamabloch” * A parte que mais me fascina no livro, no final das contas, é a brasileira, a história do imigrante, sua adaptação e a evolução das gerações. Lembrando-me dos muitos que mal chegaram, partiram, reforçando a saga do judeu errante. Seus fechos de capítulo têm frases lapidares. Ao referir-se aos soldados americanos no final da guerra, você os descreveu “como crianças cuidando de adultos frágeis”. Caio Blinder, jornalista * Olhar comovente de passados destruídos e futuros em construção de judeus despidos de quaisquer clichês, bordões ou estereótipos. Um livro a apreciar sem moderação. Armando Strozenberg, publicitário * Volta e meia, Szydlowiec aparecia no meu horizonte. Um dia estive lá. Eram discretos os vestígios do shtetl no coração de uma Polônia que já fora tão judaica. Lendo este livro, foi como se visse de perto as crianças que viviam a um passo da floresta de bétulas onde sonhavam com amor, socialismo e uma vida comum. Até que esse mundo foi revirado. Era o marco zero de uma jornada que levaria a Madureira. Fernando Dourado Filho, autor de “O Halo Âmbar”
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