Hegel E O Haiti
O Livro Hegel E O Haiti , trata de, “Uma ausencia assombra a filosofia politica europeia. A ausencia da escravidao. Foi a partir dela que Susan Buck-Morss compos este Hegel e o Haiti. Em sua base esta uma questao a respeito do momento em que a superacao da escravidao se transformou, de fato, na condicao da efetivacao da liberdade. Este momento nao esta nos autores liberais, como Locke, e sua complacencia com a escravidao devido a supremacia do direito de propriedade. Ele nao se encontra sequer no iluminismo frances, tao combativo em varios campos mas capaz de se calar de forma quase absoluta a respeito do Code Noir e da escravidao nas colonias. (…)Mas Buck-Morss nao utiliza tal constatacao para deplorar todo discurso universalista como simples mascaras de interesses inconfessaveis de dominacao e de opressao. Ela quer identificar o momento em que a escravidao aparece no coracao da reflexao filosofica moderna redimensionando seu discurso de emancipacao e este momento nao sera outro que a constituicao de uma teoria do reconhecimento na base da filosofia social. Ou seja, trata-se de voltar, mais uma vez, a uma das paginas mais comentadas da historia da filosofia, a saber, a “dialetica do senhor e do escravo”, de Hegel. Buck-Morss nos lembra como o filosofo alemao acompanhava todos os passos da revolta dos escravos no Haiti, a primeira revolta de massa a estabelecer um quadro civil geral de liberdade, o que a leva a defender que este seria um dos eixos maiores da constituicao desta figura da consciencia em A fenomenologia do Espirito. Ou seja, o “escravo” aqui, embora tenha um papel generico e tambem uma figura concreta que procura responder a processos socio-politicos decisivos no inicio do seculo XIX. Tal hipotese nao e apenas resultado de uma arqueologia materialista que compreende o fazer filosofico como reflexao imediata sobre os impactos do presente. Ela e estrategia que visa mostrar o que pode ser uma historia mundial nao mais dependente de um horizonte colonial. Neste sentido, tudo se passa como se fosse questao de afirmar que a Revolucao Francesa so se transforma em fato da historia mundial quando ela e apropriada pelos escravos contra os proprios senhores…” – Vladimir Pinheiro Safatle
Avaliações
Não há avaliações ainda.