Lamina
O Livro Lamina , trata de, Lâmina: superfície delgada ou matéria dura e cortante, lasca, fatia, faixa, estampa. A palavra que corta o tempo e a página, quase translúcida. A poesia farta não necessita da palavra exagerada. Susto, soluço, espasmo, calafrio. A poesia farta fala da boca cerzida de dor, da pátria amarga que chuta nossos ossos com seus coturnos lustrados de sangue e preconceito. A poesia derramada, lírica, de versos contidos, pêndulo nas “curvas de figo em calda” àquilo que nos esmaga. Os poemas de Marcia Friggi consagram, porque transubstanciam. Tornam arte o grito, tornam presente a memória. Marcia lapida a palavra, esculpe o verso, lamina o tempo presente: porto, vale, a morte embalada na semente estéril, o golpe. Dos haicais aos poemas de protesto, das “borbolentas” no interior de um vale aos mísseis na Síria, a poeta pulsa seu tempo nas artérias dos versos. Não se esconde, tampouco busca refúgio no vazio. A arte é, afinal, lugar de fala, território e causa. Neste seu livro de estreia, Marcia Friggi forja o metal que recolhe nos calabouços da memória e das experiências, para recompor o território poético que habitamos. Viegas Fernandes da Costa
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