Raizes Do Amanha: 8 Contos Afrofuturistas
O Livro trata de, “AS RAÍZES DO AMANHÃ PLANTAMOS AGORA” Uma das marcas deixadas pelo colonialismo é a existência de um presente que dificulta a projeção de futuros para a população negra. Por isso, contar e protagonizar histórias é tão importante para ampliarmos o campo de possibilidades. Se o real nos impõe, então, tais impedimentos, o exercício de especular, dentro e fora da ficção, é o que nos permite resgatar o passado, questionar o presente e construir futuros. É o que fortalece as raízes do amanhã, que perfuram solo brasileiro e vão fundo em direção ao desconhecido. No século XXI, nove herdeiros dessa luta se unem às editoras Gutenberg e Plutão Livros para imaginar noções de futuro próximas e longínquas em oito contos afrofuturistas e afro-brasileiros. Com organização do autor e pesquisador Waldson Souza, G.G. Diniz, Kelly Nascimento, Lavínia Rocha, Pétala e Isa Souza, Petê Rissatti, Sérgio Motta e Stefano Volp traçam em suas histórias, ora um respiro – onde o amor, a superação das adversidades e a liberdade são possíveis -, ora um alerta para nos lembrar de que estamos reféns de uma realidade que muitas vezes nos proíbe de sonhar. Evidenciando noções de futuro próximas ou longínquas, os contos de Raízes do amanhã oferecem respostas diversas sobre o tempo e o espaço da juventude negra, proporcionando um espaço revolucionário de experimentação ficcional. Não tem Wi-Fi no espaço, de G.G. Diniz Marisa tem apenas um objetivo: concluir a construção de uma estação espacial que levará o quilombo Bom Jardim para o espaço. Porém, a República Federativa do Nordeste aprova uma Medida Provisória para impedir os planos de Marisa. A única opção da líder quilombola é confiar nas habilidades de hacker da filha, e torcer para que tudo acabe sem derramamento de sangue. O show tem que contiuar, de Lavínia Rocha A nave espacial responsável pelos humanos negros de uma terra chamada Brasil vem tentando destruir os códigos criptografados que os Outros criam para se manterem no poder há seis séculos, mas a tarefa parece ficar mais difícil a cada dia que passa. Com as crescentes complicações da virada do século humano, os Grandes Ancestrais enviam Yolunna à equipe principal, com a esperança de que um novo olhar sobre a maneira que conduzem suas operações seja enfim ajuda de que precisam. Quando Yolunna descobre que o setor de cultura foi extinto devido à influência direta dos Outros, ela passa a entender o que é a raiva e de que modo esse sentimento é capaz de movê-la. A jovem decide descobrir a solução para libertar o povo negro, sempre carregando consigo uma certeza: o show tem que continuar. Sexta dimensão, de Stefano Volp Fred, um dos primeiros humanoides de pele negra legalizados pelo Estado, vive uma vida rotineira de trabalho em uma central de câmeras até que começa a ser pertubado por um sonho não programado. Quando as sombras desse sonho começam a ameaçar sua vida real, Fred precisará escolher em quem confiar: sua programação ou o abismo desconhecido? Jogo fora de casa, de Sérgio Motta Entre todos os times multi-bilionários por todos os planetas do sistema solar, um timinho de várzea da Zona Norte paulistana vira sensação do ano. Mas sem investimentos ou patrocínios, o Casa FC não consegue disputar os principais campeonatos do Brasil, do mundo e do Sol e se consolidar. O convite para uma partida em Marte, contra o atual campeão interplanetário, pode ser a chance de um sonho coletivo se tornar real. As voltas do tempo, de Kelly Nascimento Helena é médica e está na linha de frente do hospital durante uma pandemia. Ela e o marido trabalham dia e noite para poder dar atendimento digno a toda a população. Até que seu marido contrai a doença e morre em poucos dias. Desamparada, sozinha, Helena vê o trabalho como única saída. Após um desmaio repentino, ela acorda em outra realidade em que retomar o passado e alguns encontros parece ser possível. Segunda mão, de Petê Rissatti Quando Rafael, de 22 anos, e João, de 37, se encontram em um ponto de hiperônibus, a paixão é imediata. Essa história tinha tudo para ser um grande clichê, a não ser pelo cenário: em um futuro não muito distante, após uma grande guerra, o mundo foi dividido em cinco regiões, governado por cinco grandes líderes. Com a ajuda de remédios e da tecnologia, esses líderes controlam o mundo com mão de ferro. Mas um grupo de pessoas se rebela quando um remédio, o Réquiem [Repressor Químico de Ecmnesia Mensurada], começa a ser usado para fazer com que as pessoas esqueçam dos sonhos. Ambientada no universo do livro Réquiem: sonhos proibidos, “Segunda mão” traz amor, aventura, rebeldia e uma pitada de Milan Kundera. Tudo o que transporta o ar, Pétala e Isa Souza Os Irawó deixaram seu planeta para seguir as estrelas e agora, após 100 anos, estão regressando. Yagazie tem a missão de contar o que vivencia para manter a história do seu povo, precisará descrever o que significa voltar à terra dos seus e encontrar palavras para narrar o desconhecido. Intimista, essa é uma história sobre o que encontramos no caminho do retorno. Com o tempo em volta do pescoço, de Waldson Souza Desde os 16 anos, Jamila possui passaporte para entrar em Nova Brasília. E mesmo sendo desconfortável sempre usar o colar que limita seu tempo na cidade, ela já se acostumou com a exigência. Quando sua tia diz que é possível alterar o passado para transformar o presente, Jamila decide não fazer parte do plano. Entretanto, um acontecimento vai fazê-la mudar de percepção sobre a sociedade em que vive e sobre o tempo.
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